ENTENDENDO A FÉ

O que é a fé, suas causas e consequências.


APRESENTAÇÃO



A fé é algo inerente ao ser humano e que influencia fortemente a vida de cada um. É muito curioso perceber quanto a fé está ligada às nossas experiências hodiernas, e como muitas vezes determina nossa história.

Diante desse fato, faz-se necessária esta reflexão: o que é a fé? Quais suas causas e consequências?

Espero contribuir para a compreensão destas questões e incitar um aprofundamento neste tema que é tão relevante à nossa existência.



Elderson Luciano Mezzomo

Belém, 18 de outubro de 2011.









  

1. O QUE É A FÉ?

A fé é a característica dos fieis, ou seja, qualidade daqueles que creem. Nesse sentido, ao se definir a fé, imprescindivelmente vincula-se o sujeito da fé: o fiel. Portanto, para entender a fé, é necessário entender o fiel, analisando as motivações e consequências, ou quais benefícios sua fé lhe traz.

A fé pode ser definida como a base da esperança. No conceito do Novo Testamento “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam” (Hebreus 11:1a) o alicerce, a justificação da esperança é sustentada pela fé. Nesta ótica a fé fundamenta algo que não pode ser sustentado de outra maneira, pois aquilo que se espera não existe (só existe pela fé), sendo o único recurso crer.

O autor da carta aos Hebreu completa: “(...) e a prova das coisas que se não veem” (Hebreus 11:1b). Além de fundamento, serve de argumento (prova) daquilo que não pode ser visto. Quando não se tem garantia e nem se pode provar por meio algum, resta a fé.

A fé é a interpretação da realidade, e esta interpretação se dá do presente rumo ao futuro, sempre aguardando. Não é sequer a interpretação de fenômenos sobrenaturais, mas sim, a interpretação sobrenatural dos fenômenos.

Ao interpretar-se a realidade, afasta-se dela, pois não se atém principalmente ao que é real, mas à interpretação, criando-se uma realidade paralela (irrealidade). Agora a interpretação passa a ter vida própria, sendo mais percebida que a própria realidade, a isto se chama de fé.

Nem sempre no sentido extremo, mas elementarmente a fé é a recusa em aceitar o real. Ao interpretar, buscando significado e dando sentido aos fatos, e confiar mais nesta interpretação que naquilo que é natural, a fé é um produto da mente humana, da razão.

A fé, portanto, pode ser conceituada como o uso da razão (racionalização-imaginação) para superar a própria (falta) razão dos fatos. É a tentativa racional de impor razão à realidade (própria e natural da razão). A fé deve ser entendida como a tentativa de compreender a realidade, de racionalizar para não raciocinar.

Os conceitos acima apresentados ficarão mais explícitos ao entender as causas e consequências da fé.

2. QUAIS AS CAUSAS DA FÉ?

Na incompreensão da realidade (inaceitação) e na tentativa desesperada de compreendê-la, infundindo-se uma interpretação “racional”, surge a fé: a fé nasce do desejo de crer.

A fé vem da busca de significado. A realidade é muito limitada, terrena, finita e perecível para que a razão aceite-a como é. Faz-se necessário uma compreensão maior, de que aquilo que somos e fazemos tem significado. O desejo de significado impõe uma interpretação, para a razão, deve haver uma razão de nossa existência. Como não são encontradas essas respostas naturalmente, a razão precisa fabricá-la, de alguma forma moldando esta realidade, harmonizando os fatos, dando-lhes significado.

A realidade nua e crua, que não se limita às leis racionais, a causa e efeito, que não pode ser controlada, que é por vezes violenta e injusta, até mesmo incompreensiva, tem que ser domesticada pela fé. A fé é o último recurso da razão, é o desejo de controle.

No desejo de controle encontra-se o desejo de segurança. É no instinto de sobrevivência que germina a fé, em sentir-se seguro quanto ao seu valor, ao compreender que sua vida e sua rotina, valem à pena, que tem um propósito de ser, que está no caminho certo. Para tanto, exige-se fé.

A fé tem sua origem também no desejo de esperança. Não apenas em imaginar um significado para o presente, mas em projetar o futuro. Para encarar a realidade estéril, dura e mórbida, recorre-se à fé, crê-se que “dias melhores virão”, o futuro será esplêndido, e se houver fé suficiente para crer na eternidade, melhor ainda.

A fé traz em seu bojo o desejo de alento, de conforto. É a tentativa racional de compreender o incompreensivo. Uma das faculdades da razão entra em cena: a imaginação. Cria-se uma interpretação (sobrenatural) dos fatos. A mente tende a confiar nessa interpretação motivada pelo desejo de conforto. Este desejo inclui a sensação de controle, significado, segurança e esperança, gerando sentimento de conforto. A fé tem como causa principal o desejo de sentir-se bem com a realidade, mas para isso precisa criar uma realidade paralela (interpretação dos fatos) pela fé.

3. QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DA FÉ?

O resultado da fé é inúmero. Desde resultados positivos até negativos. Positivos considerando-se melhora na qualidade de vida, motivação para enfrentar e superar obstáculos, capacidade de lidar com a dor e a perda, etc. Mas também negativos: viver uma fantasia, não viver o presente e postergar tudo para o futuro, atitudes fanáticas que desconsideram a realidade dos fatos, etc.

Para o escopo deste texto, serão abordados temas intrínsecos à própria fé, ou seja, consequências que (re)alimentam a fé, efeitos que justificam sua existência. As consequências da fé devem, portanto, satisfazer suas causas, sua razão de ser.

Uma consequência da fé é a valoração da realidade. A fé contribui com a razão para dar significado à realidade. A definição de valores (bem e mal, correto e errado, etc.) está intimamente ligada à fé. A interpretação (sobrenatural) dos fatos pode, por exemplo, definir se a morte de alguém valeu à pena (neste exemplo o fato natural é a morte, mas a interpretação desse fato depende da fé de cada um). A morte de Jesus Cristo pode gerar várias interpretações de acordo com a fé de cada um: para os cristão é um ato de amor (o Salvador); para os judeus representa fraqueza (o Messias deveria triunfar sobre Roma); já para os gregos era loucura (como pode alguém que não salvou a si mesmo ter poder para salvar outros?).

Outro resultado da fé é a sensação de controle. Mesmo que a realidade seja dura, cruel e injusta, para o cristão, por exemplo, “todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam à Deus” (Romanos 8:28) e tem-se a certeza (fé) da recompensa na eternidade. A fé traz o sentimento que o “mundo invisível” pode intervir na realidade, alterando os fatos, criando novas realidades.

Concomitante ao sentimento de controle surge o de segurança. O fiel não está mais à mercê da realidade, mas tem em si, pela fé, o poder de controlar (quase) tudo à sua volta. Pode inclusive intervir no tempo passado (perdão, remissão), presente e futuro (determinando os fatos, recompensa na eternidade, julgamento, etc.).

Esta sensação de segurança invade o tempo, pois mesmo que no presente a fé não esteja funcionando muito bem (não consiga alterar os fatos), ainda resta a esperança. A fé “prova” que nada é em vão, que tudo tem um significado, que há continuidade.

Como último recurso da razão, a fé (imaginação-interpretação da realidade) é o único recurso que se dispõe para saciar a razão humana, para aquilo que ela não consegue compreender e nem aceitar. Assim como na antiguidade cria-se que o trovão era “a voz de um deus bravo”, hodiernamente a fé sempre será usada para “explicar” aquilo que não pode ser compreendido doutra forma. A fé continuará sendo exercida como alento à razão, acalmando os “demônios do interior”.







4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fé foi aqui descrita e apresentada como reação psicológica em relação à realidade. Enquanto houver razão e algo que não possa ser compreendido, haverá fé (Paulo em 1 aos Coríntios 13:13 prevê a extinção da fé na eternidade com Deus).

O objetivo é apenas compreender o que é esse fenômeno psíquico, suas causas e consequências psicológicas, do que emitir algum juízo de valor. No entanto pode-se afirmar que a fé será boa ou ruim ao se alcançar seus efeitos esperados, ou seja, a fé é necessária para aqueles que precisam de alguma interpretação sobrenatural para aceitar os fenômenos naturais, é praticamente uma questão de sobrevivência para a razão.

No mais, é relevante salientar que a fé, como fenômeno psíquico, é contagiante. Um otimista pode influenciar muitas pessoas, mas um pessimista também. Cabe a cada um racionalizar a realidade encontrando (ou criando sua fé) ou simplesmente, compreendendo o que é fé, raciocinar.

NADA SERÁ COMO ANTES




como vejo a vida em 23 de setembro de 2011



               Empurraram-me para água na intenção de me afogarem. A borda é escorregadia e eles continuarão ali para certificarem que não há salvação para mim. Ainda bem que sei nadar! Vou utilizar a borda para ganhar impulso e nadar para longe.



A única alternativa para viver é me afastar da borda (cristianismo) na direção oposta (não sei o que quero ser, mas sei o que não quero). Quanto mais tempo, mais longe. O futuro é imprevisível: posso me deparar com a mesma borda do outro lado, aí concluirei que estou numa piscina, cercado de todos os lados, que sou escravo da religião (da cosmovisão judaico-cristã) preso a uma caixa medíocre; ou, quem sabe, experimentar um oceano, que nunca atravessarei.



Na segunda hipótese, a mais excitante e desafiadora, poucas vezes encontrarei segurança e mesmo que haja o outro lado, nunca chegarei. Não importa o destino, mas a viagem. São milhões de possibilidades. Poderei me deparar com monstros marinhos, mas também com belas ilhas inexploradas: que não me conforte a nenhuma delas (como diz Nietzche: “As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras.”)!



Nada será como antes! Mas estou animado. Espero realmente nadar em um oceano. Não importa o destino, que importa é a liberdade, a falta de bitola. Quando não conseguir viver sem me apoiar em alguma borda estarei feliz, não pelo naufrágio e afogamento, mas por ter ido longe, onde poucos ousam ir.



Entendo que você queira ficar em segurança. Não posso oferecer isso a ninguém, e nem quero. E não adianta lançarem mão de qualquer tentativa de “resgate”, me recuso a aceitar. Quero nadar, quero ir para longe, quero viver sem fronteiras. A jornada da minha vida será solitária na maior parte, eu sei! Mas deixa te contar baixinho: será uma grande aventura!



Ser humano: Elderson Luciano Mezzomo

"VOCÊ NÃO PODE BLASFEMAR CONTRA DEUS." POR QUE NÃO?!


“Você não pode blasfemar contra Deus”[1]. Eis uma afirmativa que exige reflexão. O que viria a ser de fato blasfêmia contra Deus? Falar mal de Deus? Discordar de Deus? Duvidar de sua existência seria o mesmo que blasfemar? Ou blasfêmia é duvidar dos atributos de Deus?

            Elementarmente o que ou quem é Deus? Ora, eis uma pergunta que pode ser (e foi) respondida de várias maneiras (do ponto de vista judaico-cristão pode-se afirmar que é um ser pessoal dotado de alguns atributos, dentre eles: justiça, santidade, bondade, etc.). Mas é possível definir com exatidão científica a natureza de Deus? É possível estabelecer uma relação (blasfêmia) do natural (humanidade) com o sobrenatural (Deus)?



I. (IM)POSSIBILIDADE DO ESTUDO TEOLÓGICO

            Teologia aqui é entendida como todo tratado, ou comentário sobre Deus. Portanto, qualquer ser que conceitue ou diga quem é Deus, está fazendo teologia. Nesse sentido definimos ao menos quatro possíveis[2] níveis conceituais, em ordem regressiva, de quem realiza teologia:

4º. Nível Popular: o conceito que a pessoa faz de “quem é Deus” baseado em sua tradição religiosa, experiências pessoais, imaginação e no que absorvem do 3º. nível.

3º. Nível dos “Teólogos”: o conceito formado pelos estudiosos, geralmente líderes eclesiásticos e sacerdotes, pessoas que se dedicam à teologia e buscam interpretar as Sagradas Escrituras (a Bíblia), com a expectativa de compreenderem (em sua maioria) o conceito formado pelo 2º. nível.

2º. Nível dos Profetas e Apóstolos: conceito formulado por aqueles que tiveram uma experiência com Deus, a quem Deus se revelou, portanto o nível máximo entre seres humanos.

1º. Nível Divino: se trata da auto revelação de Deus. A atitude do próprio Deus em se revelar, conforme descrito pelo 2º. nível.

            De posse das definições acima faremos uso do 3º. nível pelos seguintes motivos: o 1º. nível funde-se ao 2º., pois só o conhecemos à partir dele, portanto não há como saber se realmente Deus se manifestou, pois o que temos de concreto é o testemunho do 2º. nível acerca desta manifestação; o 4º. nível é relevante e vasto, mas fundamenta-se fortemente no testemunho do 3º. Nível; então o campo teológico deste artigo estará restrito entre o 2º. e o 3º. nível, o que ainda constitui-se numa amplitude conceitual enorme. (Para maior profundidade do tema poder-se-ia estudar, por exemplo, as definições teológicas do Apóstolo Paulo conforme a visão do teólogo fulano; seriam definições mais específicas, e mesmo assim consistiria num trabalho monumental, pois há vários escritos do apóstolo, várias fases de sua teologia, públicos diferentes, contextos diferentes, etc.).

            Aonde se quer chegar com esta longa introdução? Basicamente a tarefa teológica é inconcebível ou superficial. Inconcebível, pois ninguém conseguiria levar a cabo investigação tão minuciosa, portanto, sempre, por mais que se dediquem os teólogos sempre terão ponto de vista unilateral, pois nunca dominarão tudo o que o 2º. nível pensava sobre Deus (nem eles mesmos dominavam!). E superficial, pois se intentarem elaborar um conhecimento tão amplo, mesmo lançando mão de sínteses e estudos mais profundos (elaborados por terceiros), estarão fadados à superficialidade, aproximando-se ao 4º. nível.

            Depara-se no primeiro obstáculo: como alguém pode afirmar que isto ou aquilo é “blasfêmia contra Deus”, se nem ao menos pode-se conceituar com certa “unanimidade” quem é Deus?



            II. A FICÇÃO DO ESTUDO TEOLÓGICO

            Vamos dar uma chance à teologia, e pressupor que não importa se o conceito teológico é verdadeiro ou falso (uma das categorias de toda ciência é a comprovação do que é verdadeiro e a refutação do falso), mas que o propósito da teologia seja apenas exprimir “opiniões” sobre Deus, mais especificamente compreender os conceitos formulados pelo 2º. nível, logo toda teologia é apenas uma obra de ficção.

            Como a fé não pode ser pesquisada (está além da razão), o objeto da teologia não pode mais ser definido como “o estudo de (sobre) Deus”, mas, com maior exatidão, teologia é o estudo sobre as experiências e opiniões religiosas sobre Deus. E para não haver nenhum equívoco, obviamente, as únicas opiniões que serão levadas em consideração são de pessoas religiosas, ou seja, que tem algo a dizer sobre Deus (não interessa à história, por exemplo, a opinião, ou a teologia de Judas Iscariotes!).

            Neste ínterim, a teologia passa a ser um fenômeno social, no qual o ser humano visa dar sentido (razão) à sua fé, e isto com base na razão que outros deram à sua fé. Portanto toda teologia terá sempre uma continuidade histórica.

            Emitir uma opinião sobre outra opinião, por essa frivolidade intrínseca à tarefa, talvez, que alguns afirmam que “religião (teologia) não se discute”. O que dará maior respaldo a alguma teologia? Ser expressa por teólogos profissionais, por pessoas influentes, por instituições poderosas, repetida por séculos (daí a luta das igrejas cristãs em defenderem sua apostolicidade histórica!) ou ser confirmada pela experiência pessoal? Na verdade a teologia é formada pelo conjunto desses fatores sociais, ora se entrelaçando, ora se opondo.

            Elevando a teologia ao status de ficção científica ainda resta um dilema: alguém pode blasfemar realmente de Deus? Ou esse julgamento está unicamente na mente de quem julga?



            III. COMO BLASFEMAR CONTRA DEUS

            Considerando os conceitos teológicos dignos de atenção (e de fato o são, pois, do ponto de vista científico, influenciam bilhões de vidas, independentes de serem verdadeiros ou não), é possível blasfemar contra Deus? A resposta é paradoxal: sim e não.

            Não é possível considerando-se que quando alguém expressa opinião contrária ao conceito “de Deus” formulado por outrem, não está necessariamente blasfemando contra (seu) Deus, e sim contra a opinião teológica, ou seja, o conceito de Deus formulado pela outra (ou por ela mesma). No caso de um ateu, qualquer opinião dele sobre Deus, do seu ponto de vista, não é blasfêmia, pois para ele Deus simplesmente não existe. E se forem religiosos de tradições (teologias) diferentes, para aquele que está sendo julgado, na verdade, não se refere a uma blasfêmia, mas uma tentativa de impor sua teologia sobre quem o julga, pois tem opinião divergente sobre o conceito de Deus.

            A possibilidade de se blasfemar contra Deus se apresenta de duas formas: primeiro, do ponto de vista de quem julga, considera-se uma blasfêmia ouvir uma opinião contrária à sua, no que tange ao conceito de Deus (seja de outro religioso ou de um ateu); e em segundo lugar, e mais interessante, quando a própria pessoa se condena, ao blasfemar contra Deus.

            A auto condenação é um fenômeno atraente, pois pode revelar um movimento no sentido de reflexão e desenvolvimento teológico. Não há desenvolvimento algum quando alguém meramente se condena por aquilo que considera ser blasfêmia baseado em conceitos estáticos (geralmente predefinidos pela tradição religiosa). O avanço está na capacidade que o indivíduo demonstra ao criticar seu próprio conceito teológico. Portanto ele não estaria criticando à Deus, mas um conceito “equivocado” sobre Deus. O exemplo clássico na Bíblia é o caso de Jó, que depois de criticar seus conceitos teológicos, transforma a sua experiência religiosa ao concluir que agora conhece à Deus de outra forma (que não conhecia antes).

            Se esta transformação é para melhor ou pior não vem ao caso, mas destacam-se algumas formas de “blasfemar contra Deus”: negando sua existência, criticando um conceito estático, ou contrapondo-se e desenvolvendo novo(outro) conceito.

            Negar a existência de Deus é a teologia mais curta, encerra qualquer outra discussão. Negar a existência de Deus também é, por definição, uma teologia. Independente do fato de Deus existir ou não, a verdade é que a teologia e “Deus” fazem parte da vida da humanidade, e negar isso e seus efeitos é idiotice. É claro que esse fenômeno psicossocial não precisa ser estudado necessariamente por teólogos, mas não podem ser negligenciados por psicólogos, antropólogos e sociólogos (bem como pelas demais ciências humanas).

            A simples crítica a um conceito predefinido demonstra o bitolamento a que está submetido, condicionado a mente de certo indivíduo. Apropria-se de um conceito estático, geralmente formulado por uma tradição religiosa forte, e opõe-se a ele. Na verdade essa oposição, conforme Nietsche destaca, torna essa teologia mais forte e digna de respeito. Aquele que ataca está na verdade pressupondo que o conceito atacado é verdadeiro. Pressupõe-se também que ao não se adequar às exigências religiosas de tal conceito, prefere criticar esse “Deus”. Atitude improdutiva socialmente, mas que pode trazer satisfação pessoal, espécie de desabafo.

            O terceiro grupo de “blasfemadores” são aqueles que não concordam ou não aceitam que tal definição está correta ou completa. Estes “blasfemadores” são os que de fato desenvolvem a (nova) teologia. Se revoltam contra opiniões (teologias) que não (co)respondem à sua realidade, que não satisfazem seus anseios e buscam novas explicações, novas formulações teológicas. Como exemplo dessas atitudes pode-se citar o Jesus descrito nos evangelhos, que acrescentou novos conceitos e extinguiu outros usando expressões do tipo: “ouviste o que foi dito (...) eu, porém, vos digo”. Neste grupo encontram-se aqueles que ousaram criar novas teologias (teologia da libertação, da prosperidade, etc.) e que acharam aceitação popular por atenderem aos anseios de seus contemporâneos.



Conclusão:

Qual seria a real tarefa do teólogo além de tentar sanar sua própria necessidade de dar sentido (explicação) à sua vida? Talvez seja acalmar os corações com uma teologia que atenda às necessidades de seus contemporâneos e desenvolver um discurso sobre Deus que de fato faça sentido e traga respostas sobrenaturais a fenômenos naturais ainda não explicados. Se for para criar uma ficção, então que ela seja útil.

Que hajam teólogos ousados, que consigam pensar por si mesmos, e não apenas repetir velhas “verdades”! A dúvida é o primeiro passo em busca da verdade, mas no fim, mesmo que a verdade mude, o que realmente importa é que sejamos (bem) sucedidos! Precisamos de mais “blasfemadores”!

Se você está discordando deste artigo... Parabéns! Já é um bom começo!



[1] Este artigo aborda basicamente a teologia do ponto de vista judaico-cristão. Não se pode, evidentemente, anular as influências de outros escritos e religiões (sincretismo), mas não cabe ao escopo deste artigo analisa-las. Portanto estas influências foram desconsideradas propositalmente pela brevidade do texto (reconhecendo, é claro, sua relevância), o que poderá ser feito em outra ocasião.
[2] Essa classificação é mais para efeito didático, pois dependem muito da tradição religiosa de cada um. O único intuito aqui é definir que a maior parte do material acadêmico na área teológica se restringe a Bíblia e alguns teólogos expoentes, os quais considero mais influentes sobre os demais níveis, quero dizer, o que importa para o círculo acadêmico na atualidade é a teologia bíblica e suas principais interpretações. Esta classificação pode ser elaborada à partir do público também, tendo “Deus” como autor primário, tem-se o público secundário (profetas e apóstolos), terciário (escritores), seguidos dos primeiros leitores e por fim, o público atual.

TEOLOGIA (in)COVENIENTE

“Fostes abençoado graças a Deus. Se não fostes é porque não tivestes fé.”

Certa vez um grupo de religiosos entra no hospital para realizarem “evangelismo”, orarem e decretar cura divina. Decretam cura em nome de Deus, em nome de Jesus a uma paciente acometida de câncer. Passado algum tempo, seu estado é agravado, desenganada pelos médicos, em estado terminal recebe o conforto dos religiosos: “você não foi curada porque não tivestes fé! Só Deus tem poder! Se Deus não curá-la ninguém mais poderá ajuda-la!” Desesperada, salta do 7º. Andar do hospital.
Quantas vítimas continuam subjugadas ao mesmo desespero? Que teologia conveniente! É simples de se compreender, mas impossível aceitar. Todos os créditos e méritos são da Divindade e todos os débitos e fracassos dos descrentes, e para não ser tão cruel, do diabo! (Nisto Helen White tem razão: satanás nos ajuda a levar nossas culpas!).
Ao creditar tudo à Divindade almeja-se subjugar os fracos e necessitados aos seus representantes. Você deve sacrificar-se, cultuar, adorar, e, principalmente, entregar seus dízimos e ofertas, deve participar da campanha, para receber a “bênção”. Não só isto, deve “dar testemunho” para não perdê-la (marketing gratuito e eficiente  não?)! E por fim, continue contribuindo para não irritar a Divindade e perder a “bênção” (renda vitalícia)! Ai! Não deveria me levantar contra os “ungidos do Senhor”, perdoem-me...
Peço perdão de coração! Não quero estragar seu “ganha pão”. Mas pensem um pouco, oh rebanho indefeso, ao atribuir todas as vitórias e conquistas à Divindade, não deveria atribuir-lhes também os fracassos? Mas a questão não é absorver ou condenar à Deus... Ele não precisa que ninguém o defenda! A questão é: qual efeito disso? Aponto dois, mas o pior é o último...
O primeiro efeito dessa teologia (in)conveniente é a subjugação dos fiéis aos representantes da Divindade, aos semideuses, apóstolos e missionários. O segundo e mais desastroso é o nivelamento, massivamente, da dependência, fraqueza e incompetência que são obrigados a crerem. Sim, é isto mesmo, esta é a tragédia: são e sempre serão, por esta teologia, fracassados. Qualquer virtude ou vitória, não vem deles, mas é obra da Divindade! No entanto, qualquer fracasso, a “culpa é toda sua”, mas, para não ficar demasiadamente deprimido, do diabo também.
Muito conveniente! Muito conveniente! Mas o fato que ninguém quer aceitar é: suas derrotas ou vitórias partem de você. Você deve construir suas oportunidades. O sol nasce para todos. Obviamente existem fatores que não dependem de você, foge ao seu controle, mas que adianta atribui-los à Divindade ou aos demônios? Assim não faziam os antepassados quanto aos fenômenos naturais até então desconhecidos? E hoje rimos deles... Rirão de nós na era pós-cristã? Convenientemente os líderes não entenderam Nietzche!
Continuarão usando a principal ferramenta da teologia (in)conveniente: o medo (não deveria ser a verdade, oh líderes?). Juntamente ao medo usa-se o engano, de cada cem pessoas que recebem “a promessa” apenas os poucos que a recebem darão “testemunho”. E se alguém ousar expor a verdade, o acusarão: “você não teve fé”! É redundante. Livre-se das amarras, tenha fé, muita fé, muita fé mesmo...em si próprio! Construa seu caminho! E se preferires, deixe Deus fazer o impossível (saiba que o Deus cristão não cobrará nenhum suborno ou gorjeta), mas cabe a ti o possível! Não seja rebanho, seja espírito livre!

A ASSEMBLÉIA NA CARPINTARIA

Conta-se que na carpintaria houve uma estranha assembléia. Foi uma reunião das ferramentas para acertar suas diferenças. O martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que queriam sua renúncia. A causa? Fazia demasiado barulho e, além do mais, passava todo o tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que ele dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entretanto sempre em atritos. A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse o metro, que sempre media os outros segundo sua medida, como se fora o único perfeito.

Nesse momento entrou o carpinteiro, juntou o material e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso. Finalmente a rústica madeira se converteu num fino móvel.

Quando a carpintaria ficou só novamente, a assembleia reativou a discussão. Foi então que o serrote tomou a palavra e disse: “Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes.” A assembleia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para lixar asperezas, e o metro era preciso e exato. Sentiram-se então como uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram alegria pela oportunidade de trabalhar juntos.

Ocorre o mesmo com seres humanos. Basta observar a comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situação torna-se tensa e negativa. Ao contrário, quando se busca com sinceridade o ponto forte dos outros, florescem as melhores conquistas humanas. É fácil encontrar defeitos. Qualquer um pode fazê-lo. Mas encontrar qualidades, isto é para os sábios. Você pode usar suas qualidades para ser útil no trabalho de Deus com certeza Ele irá lhe aperfeiçoar.

A IMPORTÂNCIA DA BOA COMUNICAÇÃO

Uma empresa querendo fazer um intercâmbio entre os funcionários resolveu observar um fenômeno natural então o Sr. Presidente chamou o gerente e disse:
- Na próxima Sexta feira, aproximadamente às 17 horas, o cometa Halley estará nesta área. Trata-se de um evento que ocorre somente a cada 76 anos. Assim, por favor, reúnam os funcionários no pátio da fábrica, todos com capacete de segurança, quando explicarei o fenômeno a eles. Se estiver chovendo, não poderemos ver o raro espetáculo a olho nu, sendo assim, todos deverão se dirigir ao refeitório, onde será exibido um filme documentário sobre o cometa Halley.

O gerente chamou o supervisor e disse:
- Por ordem do senhor presidente, na Sexta feira, ás 17 horas, o Cometa Halley vai aparecer sobre a fábrica. Se chover, por favor, reúnam os funcionários, todos de capacete de segurança, e os encaminhe ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que acontece a cada 76 anos a olho nu.

O Supervisor rapidamente chamou o chefe de produção e ordenou:
- A convite do nosso querido diretor, o cientista Halley, 76 anos, vai aparecer nu no refeitório da fábrica usando capacete, pois será apresentado um filme sobre o problema da chuva na segurança. O diretor levará a demonstração para o pátio da fábrica.

O chefe de produção que estava muito atarefado no momento chamou o
mestre e lhe disse:
- Na Sexta feira, as 17 horas, o diretor pela primeira vez em 76 anos vai aparecer nu no refeitório da fábrica para filmar o Halley e sua equipe. Todo mundo deve estar lá de capacete, pois será apresentado um show sobre segurança na chuva. Diretor levará a banda para o pátio da fábrica.

O mestre que estava com hora marcada para ir embora não dispunha de tempo para da o comunicado e chamou um funcionário e lhe disse:
- Todo mundo nu, sem exceção, deve estar com os seguranças no pátio da fábrica na próxima chuva pois o Sexta-feira (o Diretor) e o Sr. Halley, guitarrista famoso, estarão lá para mostrar o filme "dançando na chuva". Caso comece a chover mesmo, é para ir para o refeitório de capacete na mesma hora. O show será lá, o que ocorre a cada 76 anos.

O funcionário que não tinha outra escolha a não ser cumprir ordens fixou
um aviso no quadro, mural:

Aviso Para Todos
Na Sexta feira o chefe da diretoria vai fazer 76 anos, e liberou geral para a festa, as 17 horas no refeitório. Vai estar lá pago pelo manda-chuva, Bill Halley e seus cometas. Todo mundo deve estar nu e de capacete porque o Rock vai rolar solto até no pátio, mesmo com chuva.

ALERTA AOS PAIS

A Delegacia de Houston, Estado do Texas, nos Estados Unidos, elaborou as seguintes regras para formar um filho delinqüente. São um alerta aos pais.

1) Desde pequeno, dê tudo o que o filho pedir. Desta forma, ele crescerá pensando que sempre terá tudo o que quiser. (O certo é não dá tudo o que o filho pedir).

2) Quando ele disser palavras imorais, ria com ele. Isto fará pensar que é engraçadinho e o encorajará a aprender frases mais "engraçadinhas" ainda, que, mais tarde, vão lhe deixar completamente sem jeito. (O certo é repreender o filho quando disser palavras imorais, e não achar engraçado).

3) Nunca lhe dê treinamento espiritual algum. Espere até que ele complete 21 anos, e deixe-o decidir por si mesmo; (O certo é dar o ensino espiritual, desde cedo, como manda a Bíblia).

4) Evite o uso da palavra "errado". Pode desenvolver nele um complexo de culpa. Isto condicionará seu filho a acreditar , mais tarde, quando for preso por roubar um carro, que a sociedade está contra ele e que está sendo perseguido; (O certo: se precisar, deve-se mostrar o erro ao filho).

5) Apanhe tudo o que seu filho deixar espalhado: livros, sapatos e roupas. Faça tudo por ele e, assim, ele se acostumará a jogar todas as responsabilidades em cima dos outros. (O certo: não fazer tudo pelo filho; ensiná-lo a ter responsabilidade, cuidando de suas coisas, desde criança).

6) Deixe-o ler tudo que lhe caia nas mãos. Cuide sempre que as vasilhas, pratos, talheres e copos sejam esterilizados, mas deixe que sua mente se alimente de lixo; (O certo: examinar o que o filho ler, não permitindo literatura imoral no lar).

7) Brigue com sua esposa (ou com seu marido) freqüentemente na presença dos filhos; deste modo, eles não ficarão chocados mais tarde, quando o lar se desfizer; (O certo: jamais brigar com a esposa, muito menos em frente dos filhos).

8) Dê-lhe todo o dinheiro que quiser. Não permita que ele trabalhe para ganhar dinheiro. Porque ele teria que adquirir as coisas com as mesmas dificuldades que você? (O certo: se puder, dar a mesada aos filhos, orientando-lhes para o valor do dinheiro, sem gastar além do que recebe).

9) Satisfaça qualquer desejo de comida, bebida e conforto que ele queira. Veja que todos os seus desejos sensuais sejam gratificados. A inibição de desejo pode dar origem a uma perniciosa frustração; (O certo: só satisfazer aquilo que é lícito e conveniente para os filhos)

10) Tome partido dele contra vizinhos, professores e policiais. Todos eles estão de prevenção contra seu filho. (O certo: se ele errar, nunca ficar de seu lado; ajudá-lo a corrigir as falhas, com amor e compreensão)

11) E, quando ele estiver seriamente envolvido em dificuldades, desculpe-se a si mesmo, dizendo: "Nunca consegui fazer nada com ele" ; (Procurar ajudar nas dificuldades, visando a correção e resolução dos problemas).

12) Prepara-se para uma vida de tristezas e sofrimentos. Você está fazendo tudo para tê-la. (O certo: usando a Palavra de Deus, preparar a família para uma vida de amor, obediência e dedicação a Deus).

FINANÇAS: PLANEJAMENTO E CONTROLE

Introdução
Quem nunca teve problemas financeiros? Quem nunca passou “aperto” por falta de dinheiro? Quem nunca se preocupou em ganhar dinheiro, pagar dívidas, comprar alguma coisa a mais? Se você puder responder: "Eu", parabéns! Esses são problemas antigos, pois o ser humano insiste, muitas vezes, em dirigir a sua vida baseando-se em falsos valores e não nos valores de Deus. Há muito tempo a área   financeira tem provocado inúmeros problemas:
• distanciamento no relacionamento conjugal;
• insegurança familiar;
• irritação, tensão, saúde afetada;
mau testemunho diante da sociedade, etc.
                 Isto se agrava mais em nossos dias, marcados pelo consumismo, pelo materialismo, pelo viver na moda, pela procura de “status”, ou seja: uma vida apoiada sobre falsos valores. Que os princípios que vamos estudar hoje nos orientem na manutenção ou recuperação de uma vida financeira equilibrada.

I-O PRINCÍPIO DA HONRA A DEUS (Pv 3:9,10)

Certamente, o equilíbrio e a bênção na vida financeira começam pelo conhecimento de quem Deus é. Honramos alguém quando tratamos  essa pessoa conforme as expectativas dela, fazendo o que ela deseja, como ela quer. A forma como empregamos nosso dinheiro também demonstra a realidade de nosso amor por Deus. Devemos honrar a Deus com aquilo que produzimos, com integridade — “Dai César o que é de César e a Deus o que é de Deus” — e com alegria e gratidão.

II- O PRINCÍPIO DA DEDICAÇÃO NO TRABALHO
Há um ditado popular que diz: “O trabalho enobrece o homem”.
Certamente, isto exclui atividades ilícitas como tráfico de drogas, prostituição, etc. (Pv 12:12). A maneira bíblica de termos o nosso sustento é trabalhando dignamente (2 Ts 3:10-12).
Há duas atitudes em relação ao trabalho (Pv 6:6-11; 12:27):
1. Diligência (Pv 6:6-8)
Este texto nos fala ainda        de inteligência, integridade e iniciativa. Estas são as atitudes que Deus valoriza e quer quer ver reproduzidas em nosso caráter.
As vantagens:
a.         Crescimento na carreira profissional, com promoções a cargos melhores (Pv 12:24).
b.         Uma pessoa aplicada no seu trabalho, que não vive de sonhos e desejos distantes, alcança satisfação dos seus anseios (Pv 13:4).

2. Preguiça (Pv 6:9-11; 26:13-16 28:19)
Encontramos algumas pessoas com tanta indisposição que nos fazem lembrar aquele  personagem de desenho animado resmungando: “Ó dia, ó vida, ó azar...”. Vivem dando  desculpas absurdas (um leão no caminho), não se esforçam (o máximo que fazem é virar-se na cama), e não têm iniciativas (esperam que coloquem comida na sua boca).
As conseqüências:
a.         Para si próprio: passa fome (Pv 19:15), sofre a vontade de ter sem nunca conseguir (Pv 13:4; 21:25), perde o que tem (Pv 10:4; 20:13), está sujeito a trabalhos menos recompensados e que exigem maior esforço físico (Pv 12:24).
b. Para os outros: quem trabalha com o preguiçoso não o suporta, nem mesmo a sua família (Pv 1 0:1 3. 26; 10:5).

III- O PRINCÍPIO DA INTEGRIDADE E DA HONESTIDADE (Pv 6:7; 28:6)

Dizem que o autor de Sherlock Holmes, certa ocasião, escreveu um bilhete para oito de seus amigos, e era só uma brincadeira. O bilhete dizia: “Tudo foi descoberto. Fuja rapidamente”. Em menos de vinte e quatro horas, seis deles haviam fugido do país. Se você recebesse um bilhete como esse no seu trabalho, o que faria?
É possível encontrarmos pessoas dispostas a sacrificar coisas importantes como consciência limpa e o bom nome, colocando-se numa condição suspeita e de risco, Isto acontece porque possuem uma perspectiva errada dos valores de Deus (Pv 11:1; 16:11). Alguns fazem uma paráfrase e dizem: “Fé, fé, negócios à parte.” Esta dualidade não é admissível na vida cristã.
Alguém pode contra-argumentar: “Você não conhece a realidade do nosso país... Não sabe quanto é cobrado de imposto... Nem como administrar um trabalha-dor... Não dá para agir como a Bíblia fala”. Creia que o Deus a quem servimos é verdadeiro, poderoso, e que vale a pena viver dentro da Sua vontade (leia Pv 11:18).

IV - O PRINCÍPIO DA ADAPTAÇÃO (Pv 21:17; 23:20,21)
É possível que você esteja entre aqueles que nos últimos dois anos continuam ganhando quase a mesma coisa, e, se tudo subiu de preço, você não pode ter o mesmo padrão de vida. É preciso adaptar-se aos novos tempos rapidamente. Disponha-se a “apertar o cinto” e a:
1. Confiar na provisão de Deus para aquilo que é básico (Pv 10:3; Mt 6:25)
2. Contentar-se com o que Deus lhe dá (Pv 30:7-9; Fp 4:11,12; 1 Tm 6:7,8)
Caso você não observe isso, correrá o risco de transgredir o próximo princípio.

V - O PRINCÍPIO DO NÃO ÀS DÍVIDAS (Pv22:7)
O mercado produz, e passa a tenta convencê-lo: “Você tem de comprar. Faça em 12 vezes sem juros.” Alguns recebem uma carta dizendo que são clientes preferenciais. E, pior, acreditam ­mesmo serem preferenciais. É ordem do Senhor não devermos cousa alguma a ninguém, exceto o amor (Rm 13:8). As dívidas desgastam nossas emoções, nosso tempo, nossa família, nossa vida espiritual (cf. 2 Rs 4:1-7). Por isso:
1. Evite financiamentos e empréstimos, especialmente para bens de consumo (Pv 1 8:9)
Hoje, se você financia um bem em 12 vezes você paga em média 70% mais do que ele vale. Em outras palavras, está jogando dinheiro fora. Os financiamentos para compra de móvel e de bens duráveis devem ser analisados criteriosamente e submetidos a Deus, em oração.
2.   Evite cartões de crédito
Um pastor batista, Vernie Russel Jr., de Norfolk (EUA), disse que o cristão pode servir ao Master (Senhor) ao Mastercard ao mesmo tempo. Cuidado com os seus cartões de crédito (ou de dívida?). Se você não consegue conviver bem com eles, melhor não tê-los.

VI-O PRINCÍPIO DO PLANEJAMENTO (Pv 21:5; I..c 14:28-30)
Se você não planejar o uso do seu dinheiro, e gastar conforme seus impulsos, terá problemas. Se estiver endividado, sair dessa situação começa com um bom planejamento. Em seguida, coloque-se diante do Senhor com o propósito de não contrair mais dívidas e ore por isso. Se necessário, are ajuda do seu pastor ou de sua liderança na execução do seu planejamento.

VII O PRINCÍPIO DO QUE É NECESSÁRIO
Antes de comprar, faça algumas perguntas a si mesmo.
    Eu realmente necessito do que estão me oferecendo?
    O uso justifica a compra?
    Tenho condições de pagar?
    Como esse bem me ajuda a cumprir os propósitos de Deus para a minha vida?
    Se eu não comprar, o propósito dEle estará prejudicado?
Não ame e nem valorize as coisas que lhe são oferecidas como necessárias para que você tenha apenas prazer e conforto.
Discuta a frase: consumir de propósito ou consumir com propósito?

VIII - O PRINCÍPIO DA POUPANÇA E DO INVESTIMENTO
1.   Visando tempos difíceis (Pv 30:25)
2. Para ter o que dar não somente aos seus filhos, mas também aos seus netos (13:22; 19:14). Todavia, não guarde mais do que deve, pois...
3.    Deus nos administrará a Sua graça com generosidade, à medida que formos generosos (Pv 19:17; 22:9; 28:27; Lc 6:38). Isso não significa distribuir dinheiro indiscriminadamente para qualquer um que pede, mas “o justo se informa da causa dos pobres...” (Pv 29:7).

CONCLUSÃO
David Livingstone afirmou: “Não darei valor a qualquer coisa que possua, a não ser à luz do relacionamento com o reino de Deus. Utilizarei tudo o que possuir para promover a glória daquele quem devo toda a minha esperança no tempo e na eternidade”.
Que o Espírito Santo nos oriente pelo labirinto confuso e caótico do nosso mundo, usando a bússola do livro de Provérbios.
Aplicações práticas:
   Faça uma avaliação da sua situação financeira hoje.
   Verifique como você está ganhando e gastando os seus recursos.
Elabore um orçamento mesmo que seja bem simples.