A IGREJA COMO "FAMÍLIA DE DEUS" [1]

þ Suas responsabilidades

Por ser uma família, os membros se sentem responsáveis para promover o desenvolvimento dos irmãos. Crescimento psicológico, mental, social e físico são preocupações constantes dos pais numa família bem ajustada. A igreja local também fornece as oportunidades para os membros crescerem em saúde e maturidade espiritual. Os membros da família são responsáveis para socorrer os necessitados. Na medida que alcançam a maturidade, eles convivem harmoniosamente ministrando uns aos outros. A felicidade na família depende do compromisso de amor que cada irmão tem com o bem de todos.
A família também tem responsabilidades terapêuticas. Os membros empregam meios pêlos quais os doentes são curados e os feridos restaurados. Um desses meios é a disciplina, que mantém as "regras da casa". Sem disciplina seria impossível manter a boa ordem do lar. Em Mateus 18.15-17 encontramos o ensino de Jesus sobre a necessidade e a maneira de confrontar o irmão que pecou "contra você" para levá-lo à confissão e restauração. Não agir de acordo com esse ensinamento traz grandes prejuízos aos crentes e às igrejas. As ofensas entre irmãos também entristecem o Espírito Santo de Deus (Ef 4.30).
O individualismo obscurece a centralidade da igreja como uma família com seus membros cumprindo suas responsabilidades um para com o outro. "Enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18) traduz o apelo do apóstolo para que todos os crentes apoiem seus irmãos e sejam submissos uns aos outros. Os bons relacionamentos interpessoais são essenciais à família de Deus e igualmente aos lares cristãos, como um tipo de extensão da igreja. Ambos devem manifestar as atitudes e qualidades mencionadas na exortação paulina.
O tempo presente e a voz passiva do grego original equivaleria a "estejam vos deixando encher do Espírito continuamente". Estar cheio do Espírito Santo não é uma experiência única para o resto da vida; requer que o Espírito constante e repetidamente nos encha. Isso é essencial para crescermos à semelhança de Cristo (Rm 8.29; Ef 3.13-15).
Contrastando a vida sem comprometimento com Deus com a que aproveita ao máximo cada momento para o Pai, Paulo diz: "Cuidem do seu comportamento, não passando o tempo juntos como tolos, insensatos, perdendo tempo, ignorando a vontade de Jesus, embriagados com vinho. Pelo contrário, aproveitem cada oportunidade para dirigirem-se uns aos outros com músicas espirituais, cantando e louvando ao Senhor no coração, dando graças em tudo, submetendo-se uns aos outros." Concluindo sua exortação aos crentes sobre o comportamento digno da família do Pai, Paulo passa a instruir os cristãos a viver num lar cristão (Ef 5.21-6.4).

þ Considerações contemporâneas
O crente que vive pulando de uma igreja para outra dificilmente consegue assumir as responsabilidades de um membro da família de Deus. Em vez de aprender a viver sob a disciplina da igreja, se assemelha ao filho que, quando não consegue da mãe o que quer, vai pedir o mesmo do pai.
Semelhantemente, o cristão que participa de uma igreja "eletrônica", isto é, apenas assiste cultos pela televisão ou rádio, perde a consciência de que ele é membro de uma família. Igualmente é difícil para o crente sentir que é membro da família se vai para o culto apenas para ouvir os outros cantar e o pastor pregar, mas não participa, nem cria amizades com os outros membros. Corre para casa após a bênção apostólica sem cumprimentar ninguém. Mesmo que seu nome faça parte do rol de membros da igreja, na realidade ele é "órfão", vive sem compromissos com sua família espiritual.


[1] Mulholland, Dewwy M. Teologia da Igreja: Um igreja segundo os propósitos de Deus. São Paulo: Shedd Publicações, 2004. pg. 48-50

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